quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Longe de ti


Aqui, sentada a olhar o mar procuro no azul à minha frente. Tento descobrir-me na maresia que me pinta a pele de salgado. Procuro-me na linha ténue onde o mar e o céu se fundem na perfeição. Sou nada, significados vazios na tua ausência. Ausência é saudade. Saudade que dói e que magoa. Que mói insistentemente o coração e adoece a alma. Saudade dos beijos, dos abraços. Do teu cheiro, do teu sabor. Tenho os sentidos adormecidos. Nada é nada, os sabores e os cheiros são iguais. Vazios. Insabores. Imperfumados. Faltas tu para me despertares deste sono. De uma inércia que cansa. Já nem o abraço do sol me aquece a pele. Quero redescobrir-me no fundo de mim. Reencontrar a essência das coisas e despertar para o calor dos dias. Quero voltar a viver na tua presença. Tenho o coração cheio de ti, mas isso não chega. Preciso-te aqui, colado à minha pele, à minha alma, àquilo que era antes de hibernar por te ter longe. Volta!


[Algarve, 25 de Julho; antes de um banho na piscina]