terça-feira, 29 de dezembro de 2009

um dia vou ver o mundo lá de cima


lll
"Tenho em mim todos os sonhos do mundo"
lll
Fernando Pessoa
llll
lll
Era simplesmente um quarto simples. Não havia a decoração a rigor como mandava a época, nem sequer era o dia marcado no calendário e desejado por tantas crianças. Visto de fora, era só mais um dia, só mais uma noite.
lll
A barriga há muito que saltitava de ansiedade, aquele friozinho que inquieta e desnorteia até os mais sérios. Tentava esconder o entusiasmo, mas a agitação saltava-lhe por uns olhos vivos e denunciantes. Ele sabia que aquele momento tinha um sabor especial, um misto de meninice e inocência.
Abriu a porta e a temperatura acolhedora afagou-lhe de imediato a alma. Não era preciso muito mais do que aquela simplicidade, aquele pequeno gesto, preparado a rigor para lhe enternecer o espírito. Era simplesmente um quarto simples onde as paredes guardam segredos, confissões, desejos, sonhos e momentos do que parece já uma vida inteira.
Sentou-se na cama, de pernas cruzadas como as crianças, e esperou impaciente que partilhassem o seu Natal. Primeiro foi a vez dela, presentes embrulhados de amor e laços de ternura. A cada rasgo do papel inquietava-se. Impunha-se um desassossego, será que ia surpreendê-lo? O sorriso e os olhos brilhantes, o abraço instantâneo e o obrigado rasgado denunciavam a sua felicidade. Sabia que tinha acertado em cheio!
Depois foi ela a descobrir por entre bem-querer e afeição o que lhe reservava aquele amor. Devagar tentava não rasgar o que com tanto carinho tinha sido embrulhado, mas o desejo de encontrar o que estava por baixo foi mais forte. A cada presente, uma surpresa e seguiam-se sorrisos e uma alegria contagiante. Soube surpreendâ-la em cada pormenor!
Era simplesmente um quarto simples onde o natal se ofereceu em afectos e sentimentos trazidos do coração! Porque é na simplicidade que vivem as coisas mais bonitas!
ççç
lll
Um dia vou ver o mundo lá de cima...
Obrigada!!!
lll
lll

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Natal quentinho


- Sabe o que me custa mais? Não é ter perdido as forças nem estar doente... (fechou os olhos, baixou a cabeça e respondeu-me) ... é estar uma papa e não ter ânimo. Não ter vontade de nada... Eu que era uma pessoa cheia de objectivos e coisas para fazer.


Confesso que não sabia como responder-lhe nos meus poucos 20 anos. Estava ali uma Srª adorável, 103 anos de vida que me tinham cativado em poucos momentos e uma vontade de viver que se tinha escondido não sabia onde. Deixei-me ficar calada, sabia que tinha mais para me dizer (Ali aprendi, aos poucos, a gostar do silêncio. Aprendi que o silêncio é o melhor e o mais sincero dos diálogos.)... Depois olhou-me nos olhos e serenamente disse-me:


- Não tenho vida e tenho medo de não voltar a tê-la...


Sim, engoli em seco. Notei naquela Srª que estava ciente de que isso poderia vir a acontecer. Percebi que tem tentado preparar-se para uma morte (Outra coisa que aprendi a tratar por tu e sem medos). Não falo da morte física, mas talvez pior...o luto da vontade de viver. Sabia que tinha de fazer qualquer coisa mas também estava ciente de que podia pôr o pé em falso e qulaquer palavra fora do contexto poderia acabar com uma relação que estava a iniciar-se. Nestas alturas a cabeça trabalha-me a mil, tento procurar todos os ensinamentos que os bons profissionais me deram, mas é precisamente nestes momentos que o coração age sempre primeiro... e dei-lhe a mão. A cabeça dela levantou-se, sorriu e agradeceu-me.


- Sabe? Amanhã talvez tenha para si um miminho que a vai alegrar. Vamos montar a árvore de Natal no serviço e gostava muito que fosse comigo pôr lá uma bolinha... (não precisei de dizer mais nada, à minha frente uns olhos pequeninos iluminaram-se e cresceu um sorriso verdadeiro)


- Vão fazer uma árvore de Natal? Que bom! (e apertou-me as mãos com força, enquanto se enchia de alegria). É claro que vou. Gosto do Natal... da luz... daquele quentinho! (Sorri-lhe!, não podia responder-lhe de maneira mais sincera)


- Fico muito feliz por vê-la assim!


- E vem buscar-me a que horas? Eu quero vestir-me bem. Vamos fazer uma árvore muito bonita e aquecer o ambiente!

(Não sei por andava o ânimo desta princesa, mas eu enfeitaria as árvores todas só para lhe ver novamente aquela felicidade no rosto)


(...)


E no dia seguinte lá estava a minha menina, toda bonita de sorriso rasgado e olhos de criança sôfrega de vida. Pôs bolinhas, anjinhos e um cartão de desejos na árvore e voltou feliz para o seu quarto.

Não tinhamos muito com que levar o Natal àquele serviço, mas tinhamos vontade, empenho, convívio e sorrisos, muitos sorrisos que ali são o bem mais precioso e o melhor remédio.
E é isto que quero levar a todos os meus meninos e meninas crescidos, sorrisos e olhos brilhantes. Mas neste mês, mais do que em qualquer altura, quero aquecer aqueles corações e levar-lhes pequenos presentes embrulhados em amor.
Assim, peço a todos os que me leiam que partilhem comigo ideias e projectos que me permitam levar àquele serviço um Natal quentinho.
Neste momento tenho uma guitarra à espera de uma voz bonita e cantante ou de uma veia de poeta que os encante com palavras bonitas.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

apeteceu-me dizer-te que...


Apeteceu-me dizer que gosto de ti e muito!
ççç
ççç
ççç
lll
lll
...sabias?
llll
lll

domingo, 6 de dezembro de 2009

Sinatra


Lá fora o frio cobre a cidade. Aqui dentro sou só eu e a lembrança que ficou de ti. A caneca com chocolate quente aquece-me as mãos e a manta pelas pernas traz-me o conforto desejado nestes dias de Inverno. Lá para dentro o Sinatra canta-me “wake up to reality...”, eu encolho-lhe os ombros e finjo que não o oiço. Gostava de saber porque tiveste de partir assim. Tão de repente sem termos tempo de nos despedirmos “até um dia”. Saíste apressada, a franja a cobrir-te os olhos pequenos de sono e a boca pingada de leite fresco, aquele que bebias todas as manhãs com a torrada mergulhada em manteiga. “Derretida porque eu não gosto dos bocados inteiros na boca, gosto só do molhinho”. Sabia-te cada mania e cada gesto de cor. Podia até adivinhar quando pestanejavas ou soltavas um suspiro de cansaço. Com o passar dos anos aprendemos a conhecer-nos em cada pormenor. E aquele era só mais um dia igual a todos os outros que viviamos descansadamente. “Não precisamos de ter pressa do amanhã, fomos feitos um para o outro para toda a vida, não é meu amor?”, esfregavas o teu nariz no meu e rasgavas um sorriso inigualável. Gostava de ver as tuas rugas de expressão no nariz franzido e aquelas pregas desenhadas a preceito ao canto da boca.
Hoje era dia de te acordar com um bolo de setenta e duas primaveras. O bolo está ali, eu e o Sinatra cantámos-te os parabéns mas as velas ainda ardem. Falta o teu sopro. Faltas tu!
Os dias foram passando mas não fui capaz de aceitar a tua ausência. Continua tudo na mesma. O teu lugar à mesa, a tua escova de dentes, a tua almofada na cama, a marca do teu lugar no sofá. Dizem-me que isto não é vida para ninguém e que tenho de seguir em frente. Que não é vida isso sei eu, deixou de o ser há quarenta e seis anos. “O tempo cura tudo”, que se desengane quem nisto acredita. O tempo traz mudança mas só ensina a ver as coisas de outra maneira. O nosso jardim perdeu as flores mais bonitas, o chão da casa começou a ranger, as portas dos móveis da cozinha empenaram, a torneira da casa de banho está sempre a pingar e os cortinados estão velhos e gastos. O meu corpo curvou-se, os passos tornaram-se mais pequenos e baralhados, o cabelo perdeu-se por aí e os olhos foram-se infelicitando. Mas o amor, esse, é o mesmo. Junta-lhe a saudade, a amargura e a tristeza de um coração que bate sozinho. Mas o amor é mesmo!
Fazes-me falta e tu sabes mas como diz o Sinatra “tenho-te debaixo da minha pele”!

domingo, 1 de novembro de 2009

Mundo ideal

lll

Quando é que momentos como este vão calar as armas e as guerras e o choro dos que sofrem injustamente...?

lll

domingo, 25 de outubro de 2009

Doce

Tocou-lhe. Afagou-lhe o cabelo com a delicadeza de sempre. Tinha-a onde queria, ali deitada no seu peito, aquele lugar que lhe fora destinado. Altar de segredos, de confissões e pacificidade. Um recanto afastado do mundo, capaz de sossegar dois corações que aprenderam a compassar o ritmo.
À passagem da mão pelos seus cabelos, fechou os olhos e inspirou-a de um só fôlego para não lhe perder o perfume. Gosta de amá-la assim com todos os sentidos. Sabe-a de cor na pele, no cheiro e no gosto e sabe ouvi-la no olhar. Não lhe importa mais nada. Às vezes é tão fácil ser feliz!
No silêncio do seu sono, olhou-a e sorriu. No rosto descobriu-lhe a mesma beleza e meninice que o apaixonou e temeu acordá-la ao som acelerado do coração que ainda galopa ao mesmo ritmo desde esse dia.
É ela! Hoje e sempre, a menina e a mulher que se fundiu consigo na sua pele. A pele que tocará até fechar os olhos!


çllllllllllllllllllllllllllll

"Amo-te"... e adormeceu também!

llll
lll

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Prenda de anos

Uns olhos brilhantes e vivos. Um sorriso gigante e inacabável. Um abraço estendido.
Não foi preciso mais nada para fazê-la feliz. Todo o esforço foi recompensado por aqueles pequenos instantes.

Ele entrou e iluminou-se. Na sua expressão era impossível esconder o que sentia e isso foi tudo para ela. Há muito tempo que não tinham um momento assim, só deles, só eles. Não houve obrigados verbalizados, o corpo falava por si. O abraço apertado e as palavras especiais sussurradas ao seu ouvido bastaram-lhe. Gostar é isso mesmo, não ser preciso procurar poesias no abecedário. É saber falar além das palavras e saber escutar o coração do outro.
Foi pensado tudo ao pormenor e ele percebeu, olhava cada detalhe sofregamente. Queria conhecer cada mimo espalhado naquele recanto que ia ser deles. Sabia que ela tinha empenhado toda a sua dedicação àquele momento. Era muito mais que uma prenda de anos só para ele. Ali estavam desejos, ternura, surpresa e muita vontade de se unirem sem preconceitos nem tempo contado. E num abraço interminável amaram-se até ao amanhecer por muitos sempres, porque os dois o queriam! E isso chega!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Fantasmas

Fantasmas
çççç
kkk
llll
llll
(deixem-me em paz...)

Mãos de Virgem Santíssima

De olhos fechados e mãos de Virgem Santíssima, a embalar-se ao som de um fado que enchia o quarto, estava uma senhora encantadora. Não tive coragem de interromper aquele momento e sem me dar conta fiquei ali a adorá-la por entre a porta entreaberta do quarto. Imagem serena e cativante.
- Bom dia! Posso?
- Pode. Bom dia. Quem é que vem aí?
Estendeu-me as mãos e os olhos ansiosos procuravam reconhecer-me os traços do rosto.
- Não sei quem é!
- Eu sou a Ana. Vim fazer-lhe um bocadinho de companhia. Quer?
- Oh, meu amor! Muito, muito obrigada. Ande, sente-se aqui ao pé de mim. Oh filha muito obrigada por isto!
Percebia-se ali uma tristeza sufocante, daquela que dá vontade de arrancar à mão cheia. Não foram precisos mais do que estes pequenos momentos para perceber que naquele quarto o conforto se chamava toque. Por instantes não falámos, éramos simplesmente duas pessoas que se apresentavam e conheciam no silêncio dos olhares atentos. Eu encontrei uma senhora de feições certas marcadas pelo tempo, olhos falantes e nariz desenhado a preceito. Os cabelos brancos e finos encontravam-se ao fundo da cabeça num penteado alinhado e os lábios vestiam-se da cor da blusa vermelha. Casaco de risquinhas condicentes com o tom das calças e umas mãos imaculadas que não largavam as minhas. Uma senhora linda! Do lado de lá não sei o que viu, nem como me viu mas ofereceu-me um sorriso terno e um aconchego entre quatro mãos que ainda não se tinham largado. Estavamos apresentadas.
Na sua voz sentia-se a pronúncia de uma terra no meio do oceano. Uma voz calmada, tranquilizadora, diria apaixonante. Tanta doçura numa só pessoa!

Sem precisar de dizer nada falou-me de si (...) Os olhos humedecidos cansaram-se de esconder as lágrimas e falaram saudade. Saudades da sua terra! Não disse nada e deixei que aquele momento secasse por si no meio do meu abraço.




(...)




Eu sabia, tinha de me despedir e aguardar que a semana passasse a voar para poder voltar ali.
- Para a semana volto e venho dar-lhe um beijinho.
Não disse nada, mas falou-me tudo com as mãos. (É tão bom!) E fui-me embora.
E quando estava a sair do quarto... “A Ana vai-se embora e só volta para a semana, que pena!”.


Agora era a minha vez de não conseguir suster as lágrimas.


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Cacos




De olhos postos no chão sigo o azul de um vinílico feio e frio. Linhas tortas que me levam até ti. Prefiro não olhar muito à minha volta para não ter de me embrenhar numa realidade que me incomoda quando estou neste papel de visitante. Apodera-se de mim um autismo cerrado que resguarda a coragem que me aguentará ao teu lado, pulso firme. Não sei o que encontrarei depois daquela porta e até onde me vais levar. Histórias que vamos reviver ou, por sorte, ficarmos simplesmente no agora sem confusões. As linhas azuladas inclinam-se à esquerda e sei que estás perto. É tempo de erguer a cabeça... Lá estás tu... Olhos perdidos, irrequietos, exploradores do tempo e do espaço. Preso numa cama, ali estavas tu desprotegido de tudo o que foste um dia. Na verdadeira fragilidade para que o tempo te arrastou. Um corpo desarrumado que já não responde autonomamente ao que a cabeça ordena. No cabelo grisalho despenteado e na barba por fazer, foi-se o aprumo de outros tempos. Beijo-te a testa mas pareces apático, ao mesmo tempo procuro-te a mão. Trémula, fria, onde a pele fina cobre derrames de veias que perderam a força.
Estás noutro tempo e noutro lugar. Deixo-me levar e reparo que no meio de muita desordem voltas sempre aquilo que foste outrora. O trabalho, as responsabilidades, a casa, as pessoas, os passeios, o ‘bon vivant’... Num momento de lucidez pedes-me que te solte as mãos (gostava tanto que percebesses porque temos de fazê-lo) e negoceio contigo que só poderá ser assim enquanto estiver ao teu lado, acenas-me um sim desesperado e só aí percebi a alegria em poderes juntá-las, em sentires-te um todo, um corpo uno e vagamente são. Depressa procuras com que as entreter, mexe-las em movimentos lentos - julgo que na tentativa de contrariares a inércia que se apoderou de ti - e depois cruza-las e deixas-te ficar assim, quieto, espectador daquilo que te rodeia. Pareces de novo uma criança, mas agora sou eu, nós, que tratamos de ti. Só gostava de ter a certeza que guardas estes pequenos gestos com o mesmo amor que tenho à tua forma peculiar de gostares de mim. Não eras de carinhos nem de mimos, brincavamos de uma maneira diferente. Eras mandão, exigente, figura de respeito mas hoje percebo a falta que me fazes. Daqueles olhos abertos e fixos e a cara cerrada que me punham em sentido e daquela gargalhada que te contorcia o corpo e me contagiava. Saudades... Saudades que me fazem reviver em câmara lenta o que ficou para trás e que sem me aperceber fui guardando com tanta ternura. Hoje és outro... alguns dizem que preservas a teimosia, eu sinceramente acho que é a perseverança de levantar um corpo que para ti ainda não morreu. Às vezes ainda te vislumbro como noutros tempos nos momentos de lucidez, mas depois foges-me... como agora e voltas a precisar que te aprisione, que te ajude a comer, a beber, a lembrar e a arrumar a cabeça. Não sei o que sentes quando te perdes mas estarei ao teu lado para te guiar.
E quando fecho a porta do quarto e me afasto dali, o corpo cede ao cansaço e à resistência a que me obriguei. Caio num pranto desassossegado e irracional... não perguntes porquê avô sff!



llll

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Delirantemente feliz e esquizofrenicamente apaixonada



Na terceira fila de um anfiteatro aprendi a escutar sintomas que denunciam mentes desarrumadas e desalinhadas com o tempo e com a vida. Falou-se de alucinações e delírios, de ansiedades e fobias. Ouvi falar de comportamentos estranhos e bizarros e de sensações dentro do corpo. Conheci deformações genéticas e ambientes desapropriados. Patologias e pequenos traços que podem afectar qualquer comum dos mortais.
Eu às vezes oiço a tua voz ao meu ouvido. Sinto a tua respiração no meu pescoço e o calor da tua mão a afagar-me o rosto. O meu corpo cheira a ti e consigo imaginar-te sem precisar de fechar os olhos. Há alturas em que falo contigo e sou capaz de imaginar as tuas respostas. Em alguns momentos uma corrente fria foge-me pela coluna só de pensar em ti. Tenho um friozinhos na barriga quando há bandos de borboletas que voam desenfreadamente dentro de mim. Tenho arrepios que me percorrem o corpo e ataques de euforia que me fazem pular e cantar sozinha no meio da rua. Às vezes apetece-me gritar para expressar o que sinto, noutras sinto-me a levitar. Consigo sonhar acordada e sorrir só porque me lembrei de coisas que mais ninguém sabe.
Se isto é patologicamente perigoso, não sei! Se tenho a minha sanidade mental afectada, também desconheço! Mas seja lá o que isto for, deixem-me ser delirantemente feliz e esquizofrenicamente apaixonada todos os dias, sim?

lll

Vou contar-vos um segredo... é que eu gosto dele com toda a força do mundo!

llll
lll

domingo, 5 de julho de 2009

You're everything

llll

Tenho saudades que me cantes ao ouvido...

"You're everything"

lll

terça-feira, 30 de junho de 2009

Abraça-me!



Subiu a rua numa corrida que lhe parecia incansável. Os poucos metros que os separam parecem-lhe infindáveis quando sabe que ele a espera. Fez o mesmo caminho de muitas outras vezes institivamente, sabe-o de cor. Na cabeça corriam-lhe ideias suficientes para lhe afastar a atenção daquele percurso, no coração crescia a ansiedade própria de quando se vai estar com a pessoa que se ama.
De repente percebeu que a roupa não era a adequada, tinha-a escolhido à pressa logo pela manhã no meio do sono. Lembrou-se que o cabelo não estava arranjado e que os sapatos não iam agradá-lo. Tinha-se arranjado de uma forma irresponsável nada sua. Não por desleixo, mas porque sabia que não o podia fazer esperar. Sabia que ele ia reparar em cada pormenor, que ia olhar ao mais ínfimo detalhe mas havia de saber cativá-lo além de um embrulho exterior que lhe pareceu pouco importante para a altura. Se assim não fosse (não for ou não vier a ser) não valerá a pena! Neste corrupio de pensamentos nem percebeu que já estava à sua porta, precisamente a tocar-lhe à campainha. Deu os últimos retoques no cabelo, ajeitou a blusa e arrumou os medos na carteira.
Ele abriu-lhe a porta com um ar ensonado e apetecível e deu-lhe um beijo perspicaz. Ela sabia o que é que aquele beijo, em território incerto, significava e sorriu. Deitaram-se num abraço de outros tempos... O mesmo beijo na testa, o mesmo acariciar, a mesma ternura. Continua tudo intacto! Não o disse mas são pequenos gestos que lhe aquecem a alma. Talvez ele saiba. Talvez ele sinta. Talvez até note que o coração bateu de maneira diferente, mais lento, mais sentido. Deleitando-se a cada toque e saboreando o calor dos corpos unidos. (Ela sabe que ele sabe!). Num suspiro prolongado roubou-lhe o cheiro da pele e apertou-o como se lhe pedisse que aquele momento não acabasse mais. Naqueles instantes parecia que tudo voltava a ser como antes e ela gosta disso. De se sentir segura, amada, desejada, mas acima de tudo de sentir que são os dois um do outro num eternamente momentâneo. “Gosto tanto de te ter aqui no meu peito” e aconchegou-a no seu regaço. (Ele sabe que ela sabe!).
Depois amaram-se loucamente, sem medos nem preconceitos. Uniram-se apaixonadamente e findaram-se no mesmo abraço em que se encontraram.
Agora ela trá-lo no corpo, na pele e no peito e traz consigo a certeza de que ele continua a ser a pessoa que a faz acreditar que o mundo só tem sentido quando partilhado num abraço!




çççççççççççççç

llllllllllllllllllllll

Abraça-me sempre....
çççççççççç
llllll

domingo, 28 de junho de 2009

Piso 4, internamento


Tinha chegado o dia. Saí de casa movida por um misto de sentimentos. Se por um lado tinha a certeza que ia fazer o que queria, por outro havia uma grande responsabilidade a assumir. Fiz o meu caminho pedindo baixinho que soubesse estar à altura do desafio a que me propusera. Às vezes perguntava-me porque é que me tinha metido nisto, outras pensava que esta é sem dúvida alguma a minha missão. Não era a primeira vez que para ali me dirigia mas assim parecia, talvez pelo inesperado, talvez por já ter alguma consciência do que podia esperar.
“Piso 4, internamento”. Todo o nervosismo que sentia desapareceu. Não me perguntem porquê mas ali respira-se uma serenidade contagiante. Ali, entenda-se o serviço de Cuidados Continuados e Cuidados Paliativos do Hospital da Luz. Sempre tive um desejo imenso de fazer voluntariado numa unidade de saúde deste tipo e depois de muita formação, decidi que este era o momento certo.
Era o meu segundo dia...
Cumprimentei a equipa e fui conhecer a minha companhia daquela manhã. Vou chamar-lhe Joana. Pediram-me que a levasse a dar uma voltinha para desentorpecer as pernas. Fizemos um corredor imenso em silêncio, a Dª Joana não era fácil de conquistar. Estava ali internada por febres altas de origem desconhecida e desconfiava-se que havia um historial psiquiátrico, informações importantes para poder saber com o que contar mas que depois tento esquecer. Para mim o que ali existe é o encontro de duas pessoas que se cruzam na conquista de uma intimidade partilhada. Sentámo-nos, ao fundo, na sala de estar a ver as vistas respeitando o silêncio e a compasso de espera que a Dª Joana impôs. “Trabalha aqui a menina?”, “Não, sou voluntária e vim fazer-lhe um bocadinho de companhia. Pensei que ia ser bom para si!”, “Ah, muito bem” e voltou a olhar pela janela. Sabia que não ia ser fácil, mas eu tinha tempo. Depois de alguns minutos, olhou-me de lado e perguntou “Então e trabalha onde?”, “Ainda não trabalho, estou a estudar...”, “E estuda o quê?”, “Psicologia.”, “Ah, muito bem”. Não podia exigir-lhe que gostasse de mim com a mesma rapidez com que nos conhecemos. Afinal de contas eu era uma estranha e com a minha pouca experiência de vida o que é que poderia ter para lhe oferecer?! Esperei que quisesse estar comigo e não demorou muito, “Tenho um sobrinho que também se formou em Psicologia e por acaso já está a trabalhar.”. Depois seguiu-se uma conversa sobre a sua família e as suas formações profissionais e um interrogatório sobre mim; falámos sobre inteligência, esforço e trabalho, da importância da perseverança e do mercado de trabalho, mas nunca tocando na Dª Joana. Depois de um silêncio prolongado, olhou-me nos olhos e disse no decorrer da conversa anterior “Eu conheço a Universidade Nova... muito boa... também andei lá...”. Claro que isto exigia que lhe perguntasse porquê, “Então e a Dª Joana fazia lá o quê?”, “Estudava... Sabe? Formei-me em Literatura. Gostava muito! E fui professora, foram tempos muito bons...” e a conversa não mais acabou. Deixei que a Dª Joana comandasse a nossa relação e dei-lhe o tempo que me foi pedindo nos seus silêncios para me deixar fazer parte do seu espaço. Falou-me da sua vida de professora, das pessoas que conheceu, da vida de estudante, dos trabalhos escolares que fez, dos seus 20 valores esforçados e merecidos num trabalho sobre poesia do séc. XVII, dos seus alunos... Contou-me de onde era e do que fazia até a doença lhe trair as forças e relembrou num olhos saudosos e brilhantes as viagens que fez. Mostrou-me Jerusalém, Londres e Roma nas suas descrições apaixonadas e explicou-me a história, as culturas e as vivências de outras cidades. E por entre sorrisos, risos e trocas de experiências e poesias chegou a hora de almoço. Pediu-me que a acompanhasse para ver se comia mais qualquer coisa porque “não come nada” dizia a auxiliar sua amiga. Não sei se foi pela companhia, se por se sentir satisfeita ou ter fome, mas a Dª Joana comeu tudo. Um almoço bem serviço e apetitoso, capaz de cativar o estomâgo mais preguiçoso.
A sala de refeições é ponto de encontro de utentes desconhecidos que se cruzam. Alguns acompanhados pela família, outros sozinhos ou com a ajuda dos profissionais, mas todos, que o queiram ou possam, têm direito à sua refeição longe do quarto.
Foi nessa mesma sala de refeições que conheci a Esperança (gosto de chamá-la assim!)... Baixinha, muito muito magra, de uma cor de pele diferente e sem cabelo denunciando-lhe uma doença oncológica. Um doce de senhora! Não nos falámos, mas fiquei a observá-la do meu lugar e sabem? Não sei se são as drogas, os cuidados médicos e de enfermagem ou a excelente qualidade do serviço que têm um papel importante nestes casos, mas para mim o ingrediente principal chama-se amor e dedicação. É verdade! Ali há pessoas, não há doentes. Ali todos são tratados pelo seu nome ou como gostam e sempre foram tratados, a Dª Catarinha, o Sr Coronel, a Tia Mi... Ali médicos, enfermeiros, psicológos, terapeutas, auxiliares trabalham unidos e sem guerras nem hierarquias pomposas, todos são essenciais. Ali há abraços, beijos, toques. Há música, leitura, silêncios e desejos que se realizam. Há, de doentes e famílias, lágrimas que se amparam, medos que se ouvem e legitimizam. Chamam-se as coisas pelos nomes, sabe-se que não há curas milagrosas. Mas não há falsas esperanças, proporciona-se qualidade de vida ao tempo que se tem e oferecesse amor e dedicação de braços abertos. Não creio que a Esperança estivesse tão agarrada à vida se não tivesse aquele beijo (como eu vi) sem medos numa cabeça careca que comunica ao mundo a maldade que dela se apoderou.
Ali cala-se a dor e apazigua-se o sofrimento... “Sr Fernando, ela hoje está calma e parece estar bem. Mas tivemos de entubá-la de novo porque de manhã expulsou o tubo.”, “Srª Enfermeira diga-me só uma coisa, magoou-a?”, “Não Sr Fernando. Ela colaborou e ninguém a aleijou.”, “Então nada mais me importa!”, dá-lhe a mão e olha-a ternamente. Como se a força daquele amor conseguisse chegar onde a voz não conseguesse porque a lucidez já abandonou aquele corpo há muito tempo. Haverá melhor remédio?
Ali e em qualquer parte do mundo, acredito que o amor vai ser sempre capaz de chegar onde nada mais conseguirá e que, mesmo sabendo o nosso fim, é essa força que dará vida à alma de cada um de nós.
Foi assim que voltei para casa com a certeza de que quero continuar neste caminho e que cada dia será uma nova lição!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

...


Sabes?

Quando eu não acreditava em sonhos, realizaste cada desejo meu sem que precisasse de o falar.
Quando pensava que não existiam jantares à luz das velas, tapaste-me os olhos, encheste a casa de pequenos pontos de luz e aqueceste-me as noites.
Quando pensava não ser capaz, deste-me a mão e a força do mundo para continuar.
Se quis chorar ou desaparecer, estendes-te os braços e abraçaste-me com ternura.
Quando sorri, fi-lo com toda a alma porque estavas lá.
Quando tive medos imensos, estiveste para me mostar que o mundo não era mau.
Quando vinham os amuos mimados, respiraste fundo e pacientemente fizeste-me crescer.
Se tinha sono, embalavas-me no teu carinho até ao mundo dos sonhos.
Quando tentava esconder a minha pequenez, pedias para não fazê-lo porque gostavas de te apaixonar nas minhas criancices.
Quando eu não sabia, demoravas-te a ensinar-me com dedicação.
Quando eu estava longe, procuravas-me e agarravas-me com medo que nos perdessemos.
Se eu escorregava, depressa me agarravas antes que me magoasse.
Quando tentavam derrubar-me, enchias-te de heroísmo para me defender.
Quando pedia, tu eras, estavas, davas e fazias só para me ver sorrir a todo o momento.
Quando me descuidava, lá estavas tu embevecido a olhar para mim.
Se dizia um disparate, rias-te e corrias a dar-me um beijo.
E quando não esperava, aparecias só para me dizer o quanto te fazia feliz...

...onde é que andas?



lllll

lll


Tenho saudades...


llll

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Voltar a ser pequenina

Olho para trás e quero voltar a ser pequenina. Era tudo tão mais fácil, pintado de uma magia etérea. Acordava sempre com a mesma alegria genuína. Os olhos e o meu sorriso brilhavam sem se cansarem. Era amiga do Sol e do mar, brincava ao esconde-esconde com o arco-íris e adormecia com a Lua. Encantava-me com o brilhozinho dos pirilampos à noite no jardim. E acreditava que se podia tocar nas nuvens, que eram fofinhas e se podia saltar em cima delas. Gostava de me sentar e imaginar o que havia para lá do azul do céu e quando o dizia à mãe, ela respondia com a maior ternura “não sei, mas quem sabe se um dia não vais ser tu a descobrir! Lá pode haver tudo o que tu quiseres imaginar!” e só uma resposta destas dava-me uma infinidade de horas de imaginação. Sentia-me grandiosa e cheia de poderes. Era bom inventar as minhas histórias, viver vidas de crescidos por entre saltos altos que me caiam dos pés e batons que me faziam sentir uma senhora. Ensinava as letras e os números aos meus amigos imaginários porque eu era a melhor professora e muito dedicadamente leccionava aulas ao meu irmão mais pequeno, aluno dedicado (ainda hoje guardo os trabalhos dessa escola!). Embalava-me nas histórias das princesas e dos príncipes que a Disney me oferecia e baixinho desejava ter vestidos compridos e rodados e ser tão bonita como elas, de cabelos compridos e pestanas grandes. Gostava de fazer casinhas para as barbies, inventar vidas iguais à que vivia (fazia-me confusão as barbies da minha prima voarem e terem poderes mágicos, quando para mim elas eram pessoas como nós). Eram tempos em que as minhas preocupações andavam à volta dos sapatinhos da barbie que se perdiam, das minhas casinhas que se desmanchavam ou dos vestidos que se rompiam. Onde os únicos dói-dói eram os dos joelhos esfolados pelo chão que se curavam ao melhor beijinho da mamã. Onde os dias pareciam pequeninos para tanta vontade de correr e brincar e à noite a cama era a melhor amiga para me perder entre sonhos inacabáveis. Rebolava-me na relva, apanhava pedrinhas e mexia na terra sem preconceitos. Gostava de me molhar na mangueira e de ouvir histórias de quando os crescidos eram como eu, pequeninos (eles não tinham brinquedos, mas falavam sempre desses tempos com um sorriso!). O avô dizia que se sentava no cimo do monte a sonhar com uma casa ali. Ali onde eu estava a crescer e eu achava-o um herói porque também ele tinha uma casinha como sempre quis. Às vezes íamos apanhar pêras e maçãs e enchíamos baldes que depois nas cestas de verga da cozinha perfumavam a casa. Aprendi como nascem os tomates e o feijão verde e gostava quando a banda ia tocar lá a casa. O meu avô também tocou na banda e foi ele que me ensinou a clave de Sol. Mas nunca consegui dizer as notas musicais de trás para a frente como ele.
Olho para trás e quero voltar a ser pequenina. Como quando vi uma vaca pela primeira vez. Era tão grande e o avô (o outro avô que conheci por pouco tempo) deixou-me dar-lhe uma maçã vermelha. Eu não sabia que as vacas comiam maçãs?! E depois explicou-me o que era ruminar e eu achei estranho. Foi lá na terra desses avós e do pai também que descobri que há pessoas que não têm casa de banho nem água nos canos. Lava-se a loiça com água de um tanque, uma água muito fresquinha e “mais boa”. E fiquei com a tia a lavar a loiça num alguidar enquanto se passeava ao pé de nós uma lagartixa amiga da tia e eu não tive medo. Nessa casa ficámos até tarde na rua a falar. Rimos, contámos anedotas, cantámos e deixámos que as estrelas chegassem. Lá não há casas grandes, as casas são baixinhas e pintadas de branco com uma risca azul, têm banquinhos de pedra na rua e não se fecha a porta a chave. Não há barulho, só o silêncio de um Alentejo acolhedor e de uma natureza que nos dá a mão delicadamente. Foi por esses lados também que tomei banho num alguidar no meio de uma cozinha grande quase do tamanho da minha casa de Lisboa e que giro que foi. A tia (outra tia) e prima diziam que eram pobrezinhas e pediam desculpa, mas se ser pobrezinho é isto então é bem divertido. Na casa do pai descobri por entre o pó os brinquedos dele e os livros dos “Cinco” e gostava de beber o meu leite na caneca que ele usava quando era pequenino. A terra dele não é nada igual à minha, tem cidade e campo. Mas é uma cidade calma onde todos são amigos e se conhecem.
Também gostava de brincar aos restaurantes em Castelo Branco, a tia fazia muitos bolos e doces bons. Fazia (e faz) sempre o que gostamos e tem uma maneira muito dela de falar. Tinha um jardim grande e um sótão. E lá a casa era diferente, um diferente diferente. Não sei explicar, talvez o cheiro, a decoração ou as histórias.
É por isto que olho para trás e quero voltar a ser pequenina. Pelos sonhos e pelas alegrias. Pelos doces momentos que me encheram os dias e nunca me fizeram conhecer o sabor das lágrimas. Pelas pessoas boas (estas e outras!) que me abraçaram e me ampararam nesta caminhada até hoje e me ajudaram a tornar no que sou.
Sonhos… sonhos que ainda hoje me povoam e me continuam criança, pequenina.
llll

Sabes? Quero olhar para a frente e voltar a ser a tua pequenina…

terça-feira, 16 de junho de 2009

Medo

llll
lll


Tive medo...
llllllll
lllll
lll

terça-feira, 9 de junho de 2009

Recontar a história


Sentei-me no chão de pernas cruzadas como quando era criança. Mas desta vez não ia brincar como antes e inventar histórias de bonecas. Sentei-me para nos reviver...
Fechei os olhos, inspirei fundo e com coragem abri a caixa de tesouros. Lá estava aquela moldura grande connosco envolvidos num abraço, das nossas primeiras fotografias, lembras-te? E sabes o que é procurei primeiro? Aquela caixinha... lá de dentro saíram cheiros, promessas, sonhos. Será que se perdeu tudo? Nem foi preciso fechar os olhos para reviver aquele Natal, os teus olhos e o teu sorriso, a tua felicidade, a nossa felicidade. Parece que ainda te sinto no meu peito a pedir que te amparasse as lágrimas de saudade de quem te fazia falta. Vejo-nos como se se tratasse de um museu, onde nada foi mexido e permanece intocável à passagem do tempo.
Depois fui descobrindo outros momentos numa viagem vagarosa. Reconstruí aquela história de amor na tentativa de perceber o que falhou e onde nos perdemos... A cada cena chorei a falta que me fazes e o peso da tua ausência. Aprendi a viver os dias de mão dada contigo e não estava preparada para a tua partida. É por isto que gosto de reviver-nos, sinto-te perto de mim. Tenho-te aqui ao meu lado, falo-te, namoro-te, oiço-te, abraço-te e sinto-te comigo. Voltas a rir-te, os teus olhos voltam a brilhar e eu sou feliz. Aprendi a ser feliz na tua felicidade e no cordão umbilical que nos une por nos alimentávamos e respirávamos um ao outro.
Ponho o meu narizinho vermelho, encho o quarto de bolhas de sabão e cada uma delas peço um desejo. Torno-me a tua criança sem vergonhas, mas faltas tu para te rires e me abraçares. Encheres-me de cócegas e dizeres que gostas de mim!
Por breves momentos parecia que tudo tinha voltado a ser verde... Tudo era para ser eterno, para todos os sempres. Prometemo-nos um ao outro sem medos. Onde é que falhámos? Onde é que escrevemos mal a história?


llllll

Traz os teus tesouros e senta-te ao meu lado, vamos voltar a escrever-nos...
klkkkk
E viveram felizes para sempre, para todos os sempres!
lllll
llllllll
l

sexta-feira, 29 de maio de 2009

O que foi que aconteceu

llllllll
"Nunca senti bater o meu coração
Como senti ao sentir a tua mão
Na tua boca o tempo voltou atrás
E se fui louca
Essa loucura
Essa loucura foi paz"
lll
lll
lllll

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Voltas?

llll

"Nos desenhos animados eu já conheço o fim o bem abre caminho a golpes de espadachim e o príncipe encantado volta sempre para mim"

lll

lllllll

Voltas?

domingo, 24 de maio de 2009

De porta fechada passeia-se pelo quarto. Da cadeira para a cama, da cama para a janela, este é agora o seu refúgio. Longe de tudo e de todos, de um mundo que não lhe apetece enfrentar. Têm sido assim os seus dias, deixou de ter vontade de viver lá fora. Não sabe habituar-se à ausência, àquele lugar por completar e a uma vida sem vida. A dor é tanta que lhe apetece arrancar o coração com as mãos. O aperto na garganta e a culpa que se passeia no sangue, consomem-na e vão matando-a aos poucos. Os olhos tristes, a cara cavada de um tom amargurado marcam a sua figura. Chora! Deixou de ter aquele brilho de outros tempo. Deixou de pular e esqueceu-se do que é sorrir. Para trás ficaram os melhores momentos da sua vida... E chora! O corpo curva-se e perde peso ao passar dos dias, alimenta-se da esperança. Aqueles que vivem para lá da porta fechada tentam o seu melhor para lhe pintar a vida, mas ela rejeita-os. Afinal só quer uma pessoa...







"Sofreria o que fosse preciso, só por mais um minuto de felicidade contigo!"

quarta-feira, 20 de maio de 2009






Perdi a noção do que é certo e errado. Perdi a noção do razoável. Não sei o que é que tenho mais ao meu alcance. Nada, provavelmente! Dizem que a vida nos põe à prova, diz-se por aí que viver não é fácil e eu começo a concordar. Mas se viver é isto...que me deixem ir...

terça-feira, 19 de maio de 2009


Aprendi a trazer-te no coração, num lugar protegido onde ninguém te pudesse fazer mal. Não mostras, mas sei que és das pessoas mais frágeis. Ergues um muro inderrubável à tua volta e poucos são aqueles que o conseguem transpôr, escondes-te por trás de uma muralha com medo de sofrer e ages friamente. Tu não és assim! Tu sabe-lo e custa-te empurrar alguns dos que gostas por um orgulho que fala sempre mais alto. Sempre me disseste a medo “Eu sou uma pessoa difícil”, mas nunca me assustaste com isso. Às vezes é difícil domar-te, contornar o teu lado duro, mas com cuidado sei chegar ao teu outro eu. Lá, é um dos lugares mais bonitos que conheço! Gostava que um dia conseguisses olhar para ti e acreditasses que vales muito. Tem sido assim, que por entre um desafio e grandes batalhas, te fui descobrindo e apaixonando-me desmedidamente. Gosto quando deitas fora todas as armaduras com que te cobres e pedes que te abrace e proteja. Ficas pequenino, tão pequenino que cabes no meu abraço. E eu deleito-me nesta tua ternura. Gosto quando pedes que não te largue, quando sem medos choras o que te magoa e os receios que te assaltam. Nesses momentos dou tudo de mim e sinto-me gigante. Sinto-me a melhor por te ter comigo, tão verdadeiro. Então dou tudo de mim e escondo-te dos maus e dos fantasmas, somos só tu e eu. E foi assim que aprendi que guardar-te no coração era a melhor forma de te proteger.
Nem todos têm este privilégio, ver-te realmente como és. Perdem muito por isso e tu também, mas aos poucos tenho-te visto a trazer sentimentos ao mundo. Pode haver quem não te compreenda, quem te ponha de parte ou critique mas eu aprendi a compreender-te com o tempo, a saber ler-te no silêncio e no olhar. E sabes uma coisa? Gosto desta nossa capacidade de nos conhecermos, sem que os outros saibam! É como se fosse um segredo só nosso!
Nunca tinha sentido tão grande responsabilidade: cuidar de alguém! Não é tarefa fácil, mas quando feita do coração não custa. E contigo é assim, não custa! Mas o medo de falhar nunca me largou. Magoar-te é proibido! Era! Sim, eu sei. Já pus o pé em falso...já quebrei a proibição! E acredita, não há pior castigo que esse. A culpa que pesa no peito, que arrasta o andar e que dói ao respirar. Imagino o que sentes, conheço-te demasiadamente bem para supor. Eu sei que todas as desculpas serão poucas, mas desculpa-me do fundo do coração. Sei que fui contra um dos grandes valores que defendes, mas acredita que não o fiz de coração. E sabes o que dói mais? Saber que não merecias, que tens sido verdadeiramente perfeito para estares assim e por isso magoa mais. Gostava tanto, tanto, tanto que parásses um momento e me ouvisses, olhasses para mim e acreditasses que o brilho nos meus olhos é o mais sincero que tenho para ti. Grita, bate-me, revolta-te, mas falemos com verdade. E no fundo, quero acreditar que o que nos une vai ser mais forte que o meu erro e que no final vais pedir-me que te abrace e te proteja do que te assusta para sempre...para todos os sempres!
Desculpa!


Desculpa

s. f.
1. Perdão de culpa ou ofensa.
2. Alegação atenuante ou justificativa de culpa, ofensa, descuido.
3. Escusa, pretexto.






lll

lll

Perdoa-me!

Perdoar

v. tr. e intr.
1. Conceder perdão a.
2. Remitir a dívida, a culpa, absolver da pena.
3. Desculpar.
4. Poupar.

lll

segunda-feira, 18 de maio de 2009


Estou cansada e sem forças. Já me tinha esquecido do que era estar assim. Quis apagar os medos e os fantasmas, mais aquela dor que me queimava o peito e alma. Mas voltou, voltou com mais força! Sinto-me perdida...
Preciso de um abraço especial, do meu lugar seguro. Preciso de te reconfortar, de tratar de ti. Quero limpar-te o que te dói (o que te fiz doer), curar as feridas com cuidado e mostrar-te, sem pressas, que o meu amor por ti é o que tenho de mais verdadeiro.
Abraça-me, deixa-me abraçar-te de novo...
lll
lll
lll
llll
... eu não sei viver de outra maneira!
Desculpa!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Castelos na areia


O sol aquece-lhe a pele e uma brisa leve salga-lhe o corpo. Volta a vestir-se de menina e um grande laço prende-lhe o cabelo numa trança bem desenhada. De cócoras, escolhe as conchinhas mais perfeitas e procura as pedras mais reluzentes cobertas por pequenas ondas que lhe molham os pés. Chapinha na água como uma criança pequena. Gosta de sentir as gotas a molharem-lhe a cara. Gosta de roubar o sal à água que lhe cai nos lábios, tempera-lhe a alma e salga-lhe o doce que lhe vai lá dentro. Por momentos fecha os olhos e deixa que a imaginação a leve por entre histórias de sereias e corais enfeitados, sabe bem sonhar! Uma gaivota trá-la de novo à praia. Corre para o seu castelo de areias encantadas e cobre-o com os seus tesouros. À volta ergueu muralhas fortes, não vai deixar que lhe destruam os sonhos (mais uma vez!). Sorri e no coração acredita que desta vez é para sempre. Ao longe corre-lhe um pequenote, moreno, de olhos a brilhar. Ofegante, deixa-se cair na areia, estende-lhe a mão e mostra-lhe a estrela do mar mais bonita. “Demorei a chegar, mas tinha de encontrar a mais especial para ti!”. Ela. Sem querer soltou-se-lhe uma lágrima, salgada como o mar. Afinal, como é que não podia acreditar em finais felizes para sempre?



O tempo passou... É tempo de voltar a sorrir!!!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009


Posso pedir um desejo...?