sexta-feira, 25 de julho de 2008

Janela

Toquei-te a pele num gesto de carinho. A pele fria denotava a tristeza que ia em ti. O olhar vazio preso no horizonte. Já não sorris como outrora. Já não falas como noutros tempos. Sentado aí deixas-te ficar no teu lugar e ignoras a minha presença que te sabe bem. Sempre foste orgulhoso, mas sei que isto é a alegria dos teus dias. As mãos trémulas há muito que não largam os braços da cadeira como se isso fosse todo o suporte que te resta, a ligação sumida a esta vida.
O tempo arrasta-se pelos dias e leva-te com ele. Eu chamo-lhe egoísta, porque te quero aqui por mais um pouco. Temo que a amargura se apodere de ti e desistas de te levantar nessa luta quotidiana contra o mundo.

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“Gosto muito de ti!” e se valer de alguma coisa que esta seja a força que te faz acordar todos os dias…

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Pablo Neruda

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"(...)
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te simplesmente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com o meu sono."


Pablo Neruda - soneto XVII, in "Cem sonetos de amor"