domingo, 1 de julho de 2007

Fora de horas a todas as horas

Dou por mim a pensar na fugacidade do tempo. Na corrida contínua dos ponteiros do relógio como se tivessem de picar o ponto sempre à hora certa. Na pressa com que o sol nasce e depressa se deixa esmorecer num pôr do sol. O tempo não pára e o mundo não se cansa de girar!

Mas depois há aquelas coisas que se demoram no tempo e que se deixam ficar. Acomodam-se teimosamente e soltam uma gargalhada trocista à passagem das horas. Elas que viajam ordeiramente numa dimensão muito própria, num tic-tac muito seu. E eu que, de fora, observo esta tarefa tão organizada sorrio à rebeldia das coisas boas. Sim, porque só elas têm a coragem de escapar à autoridade do tempo. Como seria tão sem graça uma vida despida desta inquietude e perseverança? Só assim é que as coisas boas permanecem na vida e ultrapassam o(s) tempo(s). Têm vida própria e uma força desmedida. Saltam da engrenagem do tempo para se resguardarem num lugar escolhido por nós.

Eu guardei-as no coração. E vou guardar sempre. Com aquele cuidado exagerado. Aquela doçura apaixonada e o desejo de as tornar vivas a cada hora. É como se estivessem arrumadas cronologicamente num tempo que começou em ti. Embrulhadas em amor com laços de uma feliciadade quase surreal. E há tanto para guardar...tudo é tão bom que tem de ficar para sempre! As coisas fluem livremente para fora do tempo como se ele pertencesse a uma dimensão imensurável. Porque o tempo perde o significado quando a vida é repleta de coisas boas! O tempo passa sem nos apercebermos e as coisas boas perduram, não no tempo, mas no coração!


...Eu vivo sem tempo numa dimensão demasiadamente boa e guardo-te no coração. Naquele lugar onde só cabe quem amamos fora de horas a todas as horas!

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