terça-feira, 30 de junho de 2009

Abraça-me!



Subiu a rua numa corrida que lhe parecia incansável. Os poucos metros que os separam parecem-lhe infindáveis quando sabe que ele a espera. Fez o mesmo caminho de muitas outras vezes institivamente, sabe-o de cor. Na cabeça corriam-lhe ideias suficientes para lhe afastar a atenção daquele percurso, no coração crescia a ansiedade própria de quando se vai estar com a pessoa que se ama.
De repente percebeu que a roupa não era a adequada, tinha-a escolhido à pressa logo pela manhã no meio do sono. Lembrou-se que o cabelo não estava arranjado e que os sapatos não iam agradá-lo. Tinha-se arranjado de uma forma irresponsável nada sua. Não por desleixo, mas porque sabia que não o podia fazer esperar. Sabia que ele ia reparar em cada pormenor, que ia olhar ao mais ínfimo detalhe mas havia de saber cativá-lo além de um embrulho exterior que lhe pareceu pouco importante para a altura. Se assim não fosse (não for ou não vier a ser) não valerá a pena! Neste corrupio de pensamentos nem percebeu que já estava à sua porta, precisamente a tocar-lhe à campainha. Deu os últimos retoques no cabelo, ajeitou a blusa e arrumou os medos na carteira.
Ele abriu-lhe a porta com um ar ensonado e apetecível e deu-lhe um beijo perspicaz. Ela sabia o que é que aquele beijo, em território incerto, significava e sorriu. Deitaram-se num abraço de outros tempos... O mesmo beijo na testa, o mesmo acariciar, a mesma ternura. Continua tudo intacto! Não o disse mas são pequenos gestos que lhe aquecem a alma. Talvez ele saiba. Talvez ele sinta. Talvez até note que o coração bateu de maneira diferente, mais lento, mais sentido. Deleitando-se a cada toque e saboreando o calor dos corpos unidos. (Ela sabe que ele sabe!). Num suspiro prolongado roubou-lhe o cheiro da pele e apertou-o como se lhe pedisse que aquele momento não acabasse mais. Naqueles instantes parecia que tudo voltava a ser como antes e ela gosta disso. De se sentir segura, amada, desejada, mas acima de tudo de sentir que são os dois um do outro num eternamente momentâneo. “Gosto tanto de te ter aqui no meu peito” e aconchegou-a no seu regaço. (Ele sabe que ela sabe!).
Depois amaram-se loucamente, sem medos nem preconceitos. Uniram-se apaixonadamente e findaram-se no mesmo abraço em que se encontraram.
Agora ela trá-lo no corpo, na pele e no peito e traz consigo a certeza de que ele continua a ser a pessoa que a faz acreditar que o mundo só tem sentido quando partilhado num abraço!




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Abraça-me sempre....
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