domingo, 6 de janeiro de 2008

Ele


Há coisas que nos tornam vivos. Alimentam-nos. Não sei se sabem do que falo?! Mas ele faz-me sentir isto! Enche-me e preenche-me. Ou acham que acordei sempre com o maior sorriso do mundo, que os meus olhos se iluminaram sempre desta maneira ou que o meu coração esteve indefinidamente cheio? Não sei dizer se este estado já se prolonga ou não há muito tempo. Afinal o tempo é tão relativo! Sei que dura o tempo certo. Não peço mais nem menos. Aconteceu tudo como devia ser, da melhor maneira. Se fosse noutro tempo, talvez não fosse assim. Talvez nem fossemos assim.
Ele diz que eu sou a rapariga mais bonita do mundo. Que gosta do meu lado de menina pequenina e mimada. Ele sabe ouvir-me como ninguém. E olha para mim com os olhos mais doces que existem. Respeita-me de uma forma sublime e intocável desde o primeiro dia. Mas o melhor? Somos amigos verdadeiros. Daqueles que estão eternamente disponíveis para nós, que se entendem apenas num olhar, que ralham e se zangam quando nos portamos mal, mas daqueles que também são a mão amiga, o abraço aconchegado, aquele mimo que nos faz sentir bebés. Na verdade, ele é o meu porto de abrigo. E eu o dele.
Ele chegou do nada. Passava por ele todos os dias e mal podia pensar que por detrás daquele ar superior e gozão estava o melhor dos corações! Aproximou-se devagarinho, sempre sincero e claro. Não tinha nada para me esconder e tinha tanto para me contar. Passávamos horas infinitas a falar numa descoberta empolgante. Queríamos mais, sabia sempre a pouco! Mas sabia sempre a enlace, como se nos fossemos fundido por entre similitudes e pequenas diferenças. E foi assim que ele me despiu de medos e docemente me ensinou que não vale a pena esconder emoções e sentimentos. Que faz sentido vivê-los para fora, dizer que gostamos quando gostamos sem receios. Que os outros gostam de ouvi-lo, que não chega mostrá-lo. Mostrou-me que nem toda as pessoas me querem magoar e que não tenho de me esconder por detrás do que não sou. Ele deu-me segurança e soube esperar que eu florescesse do meu refúgio. E eu que queria tanto saltar dele e dizer-lhe que não podíamos ser só amigos. Afinal estavamos os dois no mesmo barco com receio de errar a rota, de voltar o leme mais depressa do que devíamos. Mas soubemos conduzi-lo e chegámos a bom porto.
E agora é ele que me dá o último beijinho de boa noite, que me liga só para dizer que gosta de mim. É ele que me mima a cada momento, que me limpa as lágrimas e recolhe os medos. É ele que me abre os braços e me ampara das quedas. Ralha-me e briga comigo para vestir mais um casaco e não apanhar frio. Arranja-me o peixe e prepara-me os jantares mais bonitos. É com ele que danço Sinatra e Bublé. É ele que me faz rir até doer a barriga e me ataca com cócegas. Foi ele que partilhou a família dele comigo e me disse ser minha também. Foi ele que me pediu em casamento.
Mas também é ele que me irrita quando amua, que me entristece quando quer ficar sozinho. Porque é que temos de nos zangar e afastar? É ele que me aborrece quando não me deixa ajudá-lo a fazer as coisas. É com ele que me preocupo acima de tudo. É ele que me faz ser melhor a cada dia e dar-lhe o melhor do mundo. É ele que me faz ser exigente com tudo para que seja perfeito. É por ele que lhe chamo a atenção quando não quer estudar. É ele que me chateia quando não me deixa dar-lhe beijinhos. É com ele que gosto de sonhar e falar em bebés e netos, que gosto de nos imaginar velhinhos a beber chá. É com ele que quero correr o mundo e tocar nas estrelas. É ele que me faz sorrir com o coração todos os dias!
Não consigo descrever o que temos...é melhor do que nos filmes, sabe melhor do que o nosso prato preferido e tem um cheiro parecido a um bolo acabado de fazer. É algo parecido a correr nos campos num dia de sol. É melhor do que a chuva que cai lá fora quando estamos em frente à lareira. Tem mais cores que uma paleta do melhor pintor e é para lá de perfeito!
Porque foi ele me apresentou à felicidade e ao amor verdadeiros!... Hoje somos os quatro melhores amigos. Por isso, quando um dia eu adormecer num sono profundo vou com a certeza de que conheci o melhor da vida e que talvez existam almas gémeas ou simplesmente anjinhos caídos do céu...Ele!


1 comentário:

Monica disse...

E agora, assim que ninguém nos ouve: amores assim, só acontecem a alguns. Nem todos tem o prazer de os cohecer.
Anjinhos ou não, ddecerto que mereces essa sorte :)

E obg por teres escrito aquilo que em muitas partes, poderia ter sido eu a escrever. Adorei e é pouco =)

beijinho**